Sintomas Pós-Covid: entenda porque eles ainda te afetam

Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, foram relatados casos incomuns de pacientes com pneumonia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2/COVID-19). 

A disseminação desse vírus se tornou rapidamente uma ameaça à saúde global. A COVID-19 é uma nova cepa de coronavírus e pode causar desde resfriados comuns a doenças mais graves, como a síndrome respiratória aguda grave (SARS).

Existe o risco de desenvolver sequelas ou sintomas físicos, cognitivos e psicológicos persistentes, os quais já foram descritos em outros contextos de SRAG, especialmente, em casos graves com internações, terapia intensiva e períodos mais longos de ventilação mecânica (VM).

Estudos que realizam acompanhamento de pacientes com COVID-19 indicam que de 30 a 80% deles apresentam sinais e sintomas de COVID-19 de 1 a 6 meses após o diagnóstico.

Foi demonstrado que os sintomas após a fase aguda podem acometer qualquer pessoa, incluindo crianças, jovens, indivíduos que apresentaram manifestações brandas de COVID-19 e que não precisaram de suporte respiratório nem de cuidados hospitalares.


Não há uma definição clara da síndrome pós-COVID-19. Em geral, é uma doença descrita entre pacientes que se recuperaram de COVID-19, mas ainda apresentam sintomas contínuos ou entre aqueles que continuaram a ter sintomas por mais tempo do que o normalmente esperado. A seguir são apresentadas as principais questões relacionadas à síndrome pós-COVID-19.

Em relação à síndrome pós-COVID-19, deve-se considerar a presença de diversos sintomas presentes após a fase aguda da doença e que possuam como patogênese em comum a infecção por SARS-CoV-2 confirmada. 

Acredita-se que os pacientes possam experimentar essas limitações por um longo período, mesmo após alta hospitalar, e, em casos mais graves, o período pode se estender por anos. Alguns autores sugerem a presença de sintomas além de 12 semanas a partir do início da doença como uma descrição da síndrome pós-aguda COVID-19. Outros estudos dividiram esses pacientes em três grupos:

  • pacientes que apresentavam manifestações graves, como SRAG, necessitando de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e depois da alta hospitalar apresentaram sintomas respiratórios a longo prazo caracterizados por falta de ar;
  • pacientes que não foram admitidos durante a doença aguda, mas posteriormente apresentaram sintomas e sinais de danos aos órgãos-alvo, como doenças cardíacas ou respiratórias;
  • pacientes que não foram hospitalizados, mas apresentaram sintomas persistentes muitas vezes, mas nem sempre com evidência de lesão de órgão.

Os dois últimos grupos foram pouco estudados, mas apresentaram sintomas prolongados sem evidência de dano ao órgão-alvo. Em dezembro de 2020, o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) em parceria com a Scottish Intercollegiate Guidelines Network e o Royal College of General Practitioners publicou uma diretriz para médicos sobre o manejo e o cuidado de pessoas com efeitos a longo prazo de COVID-19. Essa diretriz fornece as definições de COVID-19 pós-agudo:

  • COVID-19 sintomático contínuo — para pessoas que ainda apresentam sintomas entre 4 e 12 semanas após o início dos sintomas agudos;
  • síndrome pós-COVID-19 — para pessoas que ainda apresentam sintomas por mais de 12 semanas após o início dos sintomas agudos (Quadro 1).

A diretriz também faz recomendações para investigações clínicas de pacientes que apresentam sintomas novos ou em andamento 4 semanas ou mais após a infecção aguda.

Estou à sua disposição


Dr. Alex Tobias

CRM/GO 28.098


Referências 

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